quinta-feira, 14 de abril de 2011

   Cheguei à região do Contestado em 1912 e por muitos anos exerci minha profissão: era monge e usava de minha experiência com ervas e remédios para ajudar a população local. Logo, conquistando a confiança do povo, me tornei figura importante como curandeiro e líder espiritual do lugar.
   A região, porém, era disputada pelos estados do Paraná e de Santa Catarina - disputa essa que se desenrolava desde, no mínimo, o ano de 1900. Após o término da construção de uma ferrovia que ligava São Paulo a Rio Grande do Sul, o governo viu uma chance de se livrar daquele estorvo. Decidiu, então, ceder 15 quilômetros de terras de cada lado da ferrovia à grande companhia ferroviária que a havia construído, desapropriando os camponeses da região, sob o pretexto de que as terras eram devolutas, ou seja, desocupadas. Assim, mais de 6.600 quilômetros quadrados foram apropriados pela companhia - mesmo que grande parte deles fossem ocupados por posseiros e fazendeiros.
Mapa da região do Contestado
   Sob minha liderança, então, os camponeses e fazendeiros injustiçados - além da desapropriação ter sido imoral, era ilegal: descumpria a chamada Lei de Terras de 1850 - formaram um grupo armado, organizando uma comunidade. Vivíamos em harmonia, dividindo a terra e o que produzíamos, e não havia discriminação de tipo algum. Eu, na condição de líder espiritual e militar, resolvi tomar medidas drásticas e logo declarei nossa independência da República do Brasil.

Fontes: O Contestado.com - http://www.alca-bloco.com.br/ocontestado/ ; Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Contestado ; Fonte da imagem: A história não contada - http://ahistorianaodivulgada.blogspot.com/2010/12/guerra-do-contestado.html (cortada)

10 comentários:

  1. Sr José Maria! Lembre-se de que você precisa colocar as referências de todas as imagens e/ou textos postados.
    Bia

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  2. Sr. José Maria, infelizmente tenho o desprazer de lhe dizer que tal guerra pela região do contestado em que lhe parece ser um ato impetuoso e injusto, não é como se apresenta. Os levantes caboclos incitados pela vossa pessoa não tem fundamento em leis federais, já que todos estes não possuem o direito de reclamar à uma terra da qual não possui os títulos de propriaçao, tornandos assim simples posseiros, sujeitos a desapropriaçao imediata conforme o dono legal da terra.

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  3. Prezado senhor Percival Farquhar,

    Ainda que seja verdade que as terras eram ocupadas ilegalmente pelos caboclos, havemos de convir que o propósito maior de um governo deveria ser proteger suas riquezas e, acima de tudo, seu povo - o oposto do que ocorreu. Além do mais, o governo agiu tão ilegalmente quanto os 'posseiros', violando a Lei de Terras - que decreta que a compra é a única maneira de se apropriar legalmente de terras - ao ceder inúmeros quilômetros quadrados onde se produzia e se vivia pacificamente. O 'dono legal da terra' - o governo brasileiro - talvez tivesse o direito de desapropriar as terras. Mas não o fez por interesse próprio ou por interesse de seu povo (que incluia os camponeses da região), e sim pelo interesse do senhor e seus interesses capitalistas, o que só fez agravar a situação de meu povo.
    Assim, não concordo com sua afirmação de que o movimento foi 'injusto'. A meu ver, foi o que mais se aproximou da justiça em toda a história do Contestado.

    Atenciosamente,
    José Maria

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  4. Senhor José Maria, discordo totalmente de seus argumentos sobre a ilegalidade da construção da ferrovia. É sabido por todos, que tal ferrovia traria grande progresso e desenvolvimento econômico para a região. No entanto, o fato de o senhor ser contra a tamanho progresso, evidencia sua preocupação em apenas garantir seu poderio na região, visto que na primeira oportunidade que teve criou uma "Monarquia" (ilegal, indo contra todos os preceitos da recente República. Portanto, com todo o respeito, o senhor nada mais quer do que aproveitar da falta de conhecimento desses pobres caboclos, que acreditaram nas promessas de melhores condições de vida que o senhor tem feito, quando na realidade o senhor deseja apropriar-se dessas terras e criar uma região onde o senhor controlaria tudo. "SEM A ORDEM NÃO HÁ PROGRESSO"
    Cordialmente, os Republicanos

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  5. Senhores! O que estão dizendo é a mais pura... mentira!
    Não fiz monarquia alguma! -onde estão as provas? hm? - Era contra? SIM! óbvio! a maldita ferrovia apenas destruiu moradias, famílias, a economia de uma região! um absurdo isto.
    Quero que os Senhores saibam que apenas queria o melhor para aqueles homens! Se me entendem errado e acham que quero construir um governo monarquico, nada posso dizer do contrário, pois como um morto, não tenho mais tanta influência... No entanto, vou aguardar pela vinda dos Senhores ao "CÉU" Ansioso.

    José Maria.

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  6. Acredito sim que o senhor tinha a intenção da instauração da monarquia no Brasil daquela época. Existem relatos que o senhor afirmou que a República era a "lei dos diabos". O senhor mesmo se nomeou o "Imperador do Brasil"! Indício mais que claro das suas idéias monarquistas. O senhor era uma grande ameaça ao governo republicano, sua morte foi para garantir a estabilidade e a manutenção da república! Motivo mais que justo.

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  7. Blasfemia!

    Meus fiéis sabiam muito bem que era nada mais nada menos do que um enviado de Deus.
    Como disse no último comentário, esperar-vos-ei aqui no "Céu"

    José Maria

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  8. Sr.Zé maria o senhor possuia varias ideias insanas contra o governo e persuadia os sertanejos com seus ideaís,o senhor bem sabe que essas terras não pertenciam aos sertanejos e que é loucura guerrear para possui-las,confundindo a cabeça dos sertanejos o senhor se tornou uma ameaça ao governo e por isso foi morto para que não pudesse trazer problemas para a republica.

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  9. Mais de 6600 Km2 de terras foram apropriados pela empresa, para apenas construir uma ferrovia é um absurdo, já que essa terras eram muito valiosas, pois possuíam árvores que são muito valorizadas no mercado externo e isso foi apenas dado para um empresa estrangeira que pegou os lucros e levou para fora do pais. E nem para o governo dar uma pequena ajuda para a população que vivia nessas terras para que possuíssem melhores condições de vida.

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  10. Sr zé maria, todos sabemos que ja houve muitas tentativas de se conseguir a justica no Brasil, e que o movimento de Contestado, Sr. Zé maria, mostrou exatamente isso. Mais uma vez, uma parcela da população sertaneja se revolta por conta de suas péssimas condições de vida, e acaba tendo suas ideias ignoradas pelo governo. Esse, também alegava o fanatismo desses sertanejos em relação à religião, embora a crença em Deus e a confiança no senhor, Zé maria, fossem talvez a única esperança de uma vida melhor.

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